Relato de parto da Larissa: Nascimento da Rebeca

sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Parir é simples! 
Basta acreditar, confiar, se entregar... E seu corpo fará o resto!
Por isso hoje publico o relato de parto da Larissa, que conta o nascimento de seu quinto filho, que foi um segundo parto normal após três cesáreas - e dessa vez, estava planejado um parto domiciliar, e embora não estivesse nos planos, também foi desassistido.

"Eu tinha certeza de que se um dia engravidasse de novo, seria uma menina. Era uma certeza absoluta. De repente esse desejo de engravidar de novo veio forte, avassalador. Não era uma opção, não era questão de querer ter mais um filho. Era quase uma imposição, um pedido para vir. E um dia eu disse “pode vir” e veio.

Descobri que estava grávida com 3 semanas, ou seja, nem atrasada a menstruação estava. Eu só tinha a certeza absoluta de que estava grávida! Fui ao shopping resolver algumas coisas e comprei um teste de farmácia que fiz lá mesmo. Na hora, quando o xixi começa a subir pelo teste, só vi uma listrinha. Joguei o teste fora, mas lembrei que a leitura deve ser feita em 5 minutos. Peguei de volta e guardei na bolsa. Quando fui entrar no carro olhei de novo e lá estavam duas listrinhas: uma forte e a outra beeeem fraquinha. Mas estava lá e não podia negar isso. Fiz as contas e achei que seria melhor não comemorar, pois era muito cedo! Com 4 semanas eu fiz o exame de sangue! Positivo sim! 

Pirei, claro! 4 filhos não é moleza! E 4 filhos agitados com uma mãe grávida não era brincadeira! Acho que nas gestações eu fico meio bipolar. Nas primeiras semanas eu fico extremamente deprimida. Acho que foi assim nas 3 últimas gestações. Me sinto culpada por ter engravidado, me sinto infeliz, não consigo curtir o início da gestação! E assim foi nessa gestação também. Fiquei triste, infeliz. Escondi de todos os parentes que eu estava grávida. Só fui contar quando já estava com 14 semanas! Enfim chegou o segundo trimestre e eu deixei a depressão de lado e tudo ficou ótimo. Ou mais ou menos ótimo... Lembram da grávida bipolar? Então... Eu ia da alegria à irritação em segundos! Da tranquilidade à loucura era questão de um estalar de dedos! Da mãe calma e sorridente à mãe louca e escandalosa em questão de um segundo! E eu sabia que isso ia durar a gestação toda! Hormônios...
Porém em relação ao resto da gravidez, tudo foi normal. Não tive nada que fugisse à normalidade. Não inchei, não engordei demais, não fiquei doente nenhuma vez. Fui à faculdade, fiz provas, fiz tudo o que tinha que fazer normalmente. Limpei a casa, lavava o carro, o quintal... Tive aquela ansiedade básica de fim de gravidez, mas tudo normal! Acho que, no geral, foi uma gravidez boa!
Ah! E nessa gravidez eu escolhi não saber o sexo do bebê. Claro que a expectativa era que fosse uma menina, mas eu não queria saber o que era o bebê que estava aqui dentro. O meu desejo era parir, pegar meu bebê sozinha e olhar o que era.

A BUSCA PELO PARTO
Diferente da busca pelo parto do Francisco, a busca por esse parto foi muito mais fácil. Antes mesmo de engravidar eu comecei a pensar em quem poderia me atender aqui na Bahia. Cheguei em dois nomes: Marilena (GO) e o nome de uma EO. Claro que engravidei antes de contatar qualquer uma das duas. Era muito estranho para mim, procurar acompanhamento sem estar grávida e sem estar planejando de fato uma gravidez. 
Assim que soube com certeza que estava grávida comecei a pensar em procurar alguém. Deixei uma mensagem no facebook da Marilena. Não custava nada, né? E em uma conversa também no face, soube que tinha uma enfermeira aqui na cidade que tinha se oferecido para atender um PD em uma cidade aqui perto. Consegui o telefone dela e com 9 semanas liguei para ela. Conversa estranha... Ela disse que iria pensar, conversar com os colegas dela e que depois me ligaria. Eu não disse que seria um 2VBA3C. Ela pediu que eu enviasse um sms com meu email para ela me adicionar no face. No meio da conversa ela disse que atualmente só estava atendendo parto agendado em uma maternidade aqui da cidade. Oi? Parto agendado? Estranho... Enfim, ela nunca me ligou de novo, nem me adicionou no face nem nada! 

Nesse meio tempo eu não conseguia fazer o pré-natal aqui, pois meu convênio deixou de ser atendido na cidade toda. Eu estava sem GO meia boca para acompanhar um pré natal basicão, sem ninguém em vista para me acompanhar no parto, sem nada! A única coisa que eu tinha era a certeza de que eu teria meu parto domiciliar de qualquer jeito que fosse. Como eu sempre brincava: contigo ou sem tigo, mas comigo! Nessa brincadeira eu cheguei a falar pela primeira vez em ter um desassistido, pois para mim era impensável mentir novamente ou, pior, ter uma cesárea por falta de opção. 
O Rafael chegou a falar para pesquisar sobre desassistido. Mas também insistia o tempo todo para que eu ligasse para a Marilena. Eu ficava sem graça de ligar, afinal eu tinha deixado uma mensagem no face e ela não tinha respondido, então ela não deveria querer acompanhar um 2VBA3C.
Seguindo o que o Rafael tinha falado e o meu desejo interno, eu comecei a pesquisar sobre parto desassistido. Sites, blogs, grupos no face. A maioria eram em inglês, mas mesmo assim eu lia, relia. Procurava vídeos no youtube que mostrassem partos desassistidos e cada vez eu via que era isso que queria. Porém eu não queria ficar sem assistência no pós parto e isso é o que me fazia não assumir um desassistido. O que mais me preocupava no pós parto era laceração. E se eu lacerasse como no parto do Francisco?
E então um dia eu entrei no face e tinha uma mensagem. Cliquei e era da Marilena, que me passou o celular dela e pediu que eu ligasse. Se desculpou por ter demorado para responder! Nossa! Se ela pediu que eu ligasse, era porque ela não me descartava por ter 3 cesáreas! Liguei. Eu suava frio! Na primeira vez que liguei ela não pode me atender e pediu que eu ligasse mais tarde. Quando fui ligar de novo eu suava e tremia! Falei com ela, expliquei que eu tinha 3 cesáreas e que meu último filho tinha sido parido naturalmente. Que eu estava grávida e queria parir de novo. Perguntei se ela me acompanhava. E ela disse que sim, que era para marcar uma consulta! Quase gritei no telefone! Marquei a consulta para dali uns 20 dias! Mas eu estava feliz! Só tinha um porém: eu não tinha falado em ser domiciliar! E eu não abria mão de ser domiciliar!
O dia da consulta chegou e adorei a Marilena de cara! Ela ouviu como foi meu parto, e super tranquila me aceitou, claro! E então, depois de quase toda a consulta eu pergunto: e se eu quiser um PD, vc acompanha? Ela perguntou se eu não teria ninguém em Salvador, que eu pudesse ter na casa dessa pessoa. Ah!!! Ela não descarta PD, mas a questão passou a ser a distância! Ela prometeu que pensaria no meu caso com carinho e me daria a resposta no mês seguinte.
Mês tenso. Eu tinha quem topava me atender, mas não sabia se ela toparia viajar para Feira. Mês seguinte ela disse: sim! Nossa! Quase gritei de novo! Eu teria meu PD. Meu bebezinho surpresa nasceria em casa, na sua casa, com seus irmãos em volta! 

Enquanto a gravidez avançava eu me preparava para meu parto. Medos que não tive da outra vez surgiram dessa vez. E se o bebezinho ficar pélvico? E se ele resolver ficar transverso? E se ele resolver nascer antes? E se na hora do parto a posição dele não for boa? E se eu não conseguir parir e tiver que ir para um hospital? E se... e se... DE NOVO, NÃO!!!! Tantos “e se...” rondaram minha cabeça na outra gestação. Por que nessa eles teriam que aparecer de novo? 
Bom, percebi bebezinho pélvico com 33 semanas e depois nunca mais ele sentou! UFA! Ele adorava ficar com o dorso à direita, igual o Francisco, que acabou nascendo olhando para cima, porque não completou o tal giro. Será que meu bebezinho surpresa ia querer nascer igual ao irmão? O tempo foi passando e eu fui imaginando com seria o meu parto. Imaginando não! Algumas coisas eram certezas para mim:

- eu ia parir de madrugada;
- entraria em TP usando um pijama do Tico e Teco
- na minha cama estaria um lençol lilás
- meu TP seria tão rápido que eu ia parir sozinha e a equipe chegaria depois!
Eram certezas que eu tinha e a única que eu tinha certeza de que eu precisava trabalhar na minha cabeça era a certeza de um parto rápido, pois se demorasse eu poderia me desesperar! Mas era uma certeza tão certa que eu não conseguia imaginar um TP longo.

O PLANO DE PARTO
O plano de parto eu fiz logo que soube que estava grávida! Dessa vez eu teria um plano de parto, porque meu parto seria O Parto. Meu plano de parto incluía instruções para a Luiza (cuidar dos meninos, almoço, banho etc.), instruções para o Rafa (limpar os banheiros – detesto banheiro sujo, desligar telefone, desligar campainha, inflar e encher a piscina, ficar do meu lado) e instruções para a equipe (mínimo de exames de toque e ausculta fetal, me deixar sozinha a maior parte do tempo, deixar meu bebê sair naturalmente de mim, sem puxar nem aparar períneo, deixar que eu pegue o bebê, deixar que eu veja o sexo do bebê e deixar o bebê o máximo de tempo comigo.). 
Meu plano de parto deixava bem claro que eu queria parir sozinha. Não foi intencional. Não mesmo. Mas no parto do Francisco eu fiquei sozinha com o Rafa a maior parte do tempo, o que me fez muito bem. Eu queria essa experiência novamente, de ficar sozinha com o Rafa, mas dessa vez em um momento gostoso, de tranquilidade, pois no parto do Francisco estávamos tensos. Eu não conseguia me ver parindo com várias pessoas junto de mim dessa vez. O único apoio que eu conseguia ver, era do Rafa e de mais ninguém. Enfim, eu idealizei um parto desassistido, mas sem perceber isso. 
Porém quanto mais perto do parto ficava, maior a certeza de que eu ia parir sozinha. Assim como eu tinha certeza da roupa que eu estaria usando, da hora que eu ia parir e de que o meu TP seria rápido, eu tinha certeza absoluta de que eu ia parir sozinha! E isso era tão certo, mas tão certo que nem eu entendia o porque de tanta certeza. Eu só falava para o Rafa que não ia dar tempo de ninguém chegar.
Minha única preocupação com essa certeza é que eu não queria me sabotar. Como assim? Eu não queria demorar para ligar para a Marilena. Eu não me sentia a vontade em pensar em ligar com um TP avançado. Não era isso que eu queria e eu tinha medo de que na hora P eu não quisesse ligar para ela. Coloquei na minha cabeça de que eu ligaria assim que identificasse o TP e ponto final.

A VIAGEM
Tudo certo quanto ao parto, tudo idealizado, tudo planejado, desejado e sonhado milhares de vezes. Tudo lindo! 
Mas eis que surge a viagem. Rafael tinha um curso em SP nos dias 29 e 30 de outubro! Entrei em pânico! Não demonstrei para ele, mas entrei em pânico! Eu mal podia pensar nessa viagem que eu tinha vontade de gritar e sair correndo! Mas a notícia pior ainda estava por vir! A data da viagem! Passagem marcada para o dia 27 de madrugada com a volta para o dia 31 de noite! PQP!!! Eu não ia poder parir por 5 dias! Bem quando eu completaria 39 semanas de gestação! E isso porque eu ainda nem falei que era bem nesses dias que a lua mudaria para lua cheia! A lua do nosso bebê! Entrei em pânico de novo.
37 semanas e eu queria parir de qualquer jeito! Eu tinha 2 semanas para parir antes do Rafael viajar! E depois eu só poderia parir depois que ele voltasse! Como se segura um bebê lá dentro? Se tem os hots, teria também o contrário? Eu precisava parir e comecei a ficar louca para entrar em TP logo. 

PRÓDROMOS + O QUÊ FALTA AINDA?
37 semanas e 2 dias (sexta-feira) e eu sinto contrações o dia todo! Contrações efetivas, nada de contrações de treino. Contrações totalmente suportáveis, porém contrações de verdade! Achei que entraria em TP de madrugada, afinal o lençol era lilás, o pijama era o do Tico e Teco... Porém tudo passou e não senti mais nada até segunda feira depois do almoço, quando as contrações voltaram um pouco mais fortes do que na sexta. De noite ainda fui ao mercado e comentei com o Rafa que eu gostava de ir ao mercado em TP (porque no dia que entrei em TP do Francisco eu fui ao mercado também!). Contrações fortes que me faziam parar de andar quando vinham! Porém, mais uma vez, elas pararam.
No domingo eu havia feito um toque em mim e encontrei a cabecinha do bebê, já encaixada! Que emoção! Senti que o bebê estava perto, então na segunda, quando tive contrações eu imaginei que fosse parir! Mas como tudo parou eu comecei a me questionar o que estava faltando para eu parir. Pq meu corpo não estava seguindo em frente e deixando as coisas acontecerem.
Acho que a chave de tudo estava na viagem. Aquela viagem do Rafael. Eu estava cobrando meu corpo para entrar em TP logo por causa da viagem. Eu precisava parir e ao mesmo tempo eu queria respeitar o tempo do bebê. Enfim na quarta-feira o Rafa resolveu que não iria mais viajar! Fiquei leve, fiquei feliz, dormi a noite toda sem me preocupar!
Agora bebezinho poderia vir no dia que quisesse!

O PARTO
Dizem que toda mulher quando vai parir tem um siricuticu de arrumar a casa. Eu não tive na gravidez do Francisco e achei que não teria nessa também. 
Sexta-feira, 38 semanas e 5 dias, eu resolvo dar banho na Nita (nossa pequena Rottweler de 5 meses. Quem conhece essa raça sabe o tamanho de um filhotinho de 5 meses hahaah). Resolvi lavar a frente da casa que estava com xixi da Nita, lavei também o portão que estava empoeirado, e já que eu estava com a mão na massa, porque não lavar o carro também? Lavei por fora e aspirei por dentro! UFA!!!! Só fiz tudo isso porque precisava fazer. Fui dormir moída, quebrada, acabada!
Toda sexta-feira é dia do Henrique dormir no quarto da Luiza e do Pietro dormir no nosso quarto. Mas como a Luiza tinha que ir para a escola no sábado, deixamos para sábado a “troca de quartos”. Sábado fomos todos para a escola da Luiza e eu com aquele barrigão imenso! Voltamos e começamos a limpar a casa. Eu varri e passei pano no meu quarto e na sala. O resto ficou por conta do Rafa, Henrique e Luiza. Eu estava quebrada, cansada e extremamente irritada com o barrigão enorme! Nem sei que horas fui dormir. Sei que acordei duas vezes com contrações. Ou achei que fossem... A dor nas costas era tanta que poderia ser dor nas costas. Cheguei a pegar o celular para cronometrar, mas dormi com ele embaixo do travesseiro. 
Nessa noite os meninos estavam em quartos trocados. Francisco não gosta de dormir na mesma cama que o Pietro e é preciso colocar o Pi nos pés da cama. 5:35 Francisco acorda pedindo gagau. Fiz o gagau dele e ele quis dormir na minha cama. Caramba! Pedi para o Rafa colocar ele na cama dele e acabei brigando com o Rafa (que estava dormindo e não lembra da briga hahaha). Fiquei tão brava, mas tão brava que peguei meus travesseiros e fui para a sala. Fui para a cozinha e tomei um leite com chocolate. Voltei para a sala e entrei no facebook. Queria ter notícias de Clesia, uma paciente da Marilena tbm que estava para parir desde sexta! Percebi uma contração. Percebi outra contração. Depois mais uma! 3 em 10 minutos. Fiz um comentário na minha time line sobre isso serem pródomos. Senti outra contração e precisei levantar da cadeira! Fechei o note e fui para o quarto com meus travasseiros kkkkk

O Francisco estava na minha cama, então peguei o Pietro no colo e coloquei ele no pé da cama. Levei o Francisco para a cama dele e deitei. Mais uma. Outra... Peguei um papel e uma caneta: 6:25. 6:30 mais uma. Levantei e sentei na bola porque deitada não dava para aguentar. Eu achei que elas ainda estavam curtas durando talvez uns 20 segundos e resolvi cronometrar a próxima: 6:38 com duração de 1:15 e beeem intensa! Acho que é TP mesmo, mas quantas histórias eu já havia lido de pródromos tão doloridos e que de repente parava? Acordei o Rafa e preparei ele: “Rafa! Acho melhor vc ir acordando porque parece que é hoje!” Ainda falei para ele que ele poderia encher a piscina e ir para a Igreja com os meninos e me deixar sozinha. Eu achava que estava só no começo e que seria bom eu me concentrar um pouco! Hoje eu dou risada quando penso nisso! Ele disse que levantou da cama 7:12. Realmente a hora está anotada com a letra dele. 

Lembro dele pegando a piscina e inflando com o secador. Depois lembro dele tentando colocar a bomba de inflar no pino do fundo da piscina. Pietro e Francisco acordaram em algum momento. E eu decidi ir para o chuveiro do outro banheiro. Entrei no chuveiro e o Francisco quis entrar junto tbm. Deixei. 
Engraçado que sempre achei que eu não tive partolândia, mas agora, enquanto escrevo e percebo os fatos embaçados e difíceis de ordenar, acho que minha partolândia durou todo o TP!
Ao contrário do que imaginei, eu não me senti irritada com a presença de ninguém. Adorei ter o Francisco comigo no banho. Lembro de ter pedido para o Rafa ligar para a Marilena pq era sim TP, mas que provavelmente iria demorar muito ainda. Mas pedi que ele anotasse essas informações: “bolsa íntegra e BB mexendo” e que passasse para ela quantas contrações eu tive em uma hora. Haviam sido 13 contrações em uma hora! Uma a cada 4 minutos mais ou menos. Quando tive o Francisco, fui para o hospital com 16 por hora e estava com apenas 1 cm quando cheguei. Então acho que dessa vez demoraria um pouco ainda! O Rafa ligou para a Marilena às 7:35 e ela disse que tinha acabado de chegar da casa de Clesia. Fiquei sem entender. Achei que ela ainda estava em Clesia, que ainda não tinha nascido o BB dela. Mas isso não me deixou preocupada, nervosa, nem nada. Entre as contrações eu não sentia absolutamente nada (o que reforçava minha teoria de que tudo pararia a qualquer momento!). Ticô quis sair do banho. Depois de uma contração eu senti vontade de fazer cocô! Oi??? Como assim? Me certifiquei de que não era puxo kkkk Saí, me sequei, sentei no vaso e o BB não caiu kkkk. Me limpei e voltei para o chuveiro. Mais uma contração e mais vontade de fazer cocô (???) e dessa vez nem deu tempo de me secar antes de sentar! O que estava acontecendo? Meu corpo se limpando? Voltei para o chuveiro e não tive mais vontade de fazer nada! Ufa! Cansei de ficar de pé. Precisava sentar um pouco e saí. 
Nesse meio tempo o Rafa já havia acordado a Luiza e o Henrique. Fui para a bola no quarto. Cobri com a minha toalha de banho e sentei. Rebola, rebola, respira, relaxa o rosto, relaxa os ombros. 


Caraca!!! O Rafa ainda não havia começado a encher a piscina? Eu percebia ele andando de um lado para o outro mas não sabia o que ele estava fazendo. Contrações fortes, bem fortes. Rafa resolveu encher a piscina com a mangueira, com balde de água do chuveiro e panelas de água quente. Em algum momento eu pedi um chocolate, pois meu estômago começou a roncar. Dei duas mordidas e me deu enjoo. 


Me deu sede tbm e pedi água. Dei um golinho e guardei o copo embaixo da cama kkkk Em algum momento pedi uma compressa quente e coloquei nas costas. Pedi massagem para o Rafa tbm. E pedi para ele contar até 15 comigo hahahah Eu não gritava mas gemia. Procurava relaxar sempre. E conseguia! Sempre que eu demorava para relaxar, a contração doía mais. Era um exercício: a contração começava, eu respirava, me mexia na bola, relaxava o corpo e soltava uns gemidos. Tudo ajudava a superar a dor, pq estava doendo pra caramba!
Em algum momento veio uma contração e no meio da contração eu senti um puxo violento e obedeci ao puxo fazendo força (e tem como não obedecer?). Ploft! A bolsa estourou e lavou o chão do quarto. Encharcou toda a toalha, escorreu pela minha perna e molhou todo o chão! Senti um alívio tão grande naquele momento! Não sei descrever, mas parecia que toda pressão que estava sentindo, tinha acabado! Avisei o Rafa: "Estourou a bolsa! Liga para a Marilena e diz que estourou e que o líquido está claro!”. Eram 8:30. Sentei em outra toalha mas avisei que precisava ir para a piscina! Acho que mais uma contração e fui para piscina. Não estava toda cheia, mas era o que dava tempo de fazer.

Na piscina as coisas mudaram um pouco. A dor era diferente. As contrações tbm. Elas eram longas, eu sentia uma força vindo lá do fundo. Falei para o Rafa que eu achava que nasceria antes do meio dia. Eu não fazia a menor ideia de que horas eram. Entre as contrações eu sorria, falava com o BB, pedia para ele nascer logo para saber se era menino ou menina! Mas esse “entre” eram bem curtos. Em algum momento eu comecei a gritar. Gritar não! Grunhir, urrar? Não eram gritos, era um som vindo de dentro, gutural. E em meio a esse som eu falava “respira, respira, tem que respirar” e relaxava (ou tentava). Lembro de uma coisa que achei muito engraçado, mas não tive oportunidade de rir. O Rafael estava entrando no quarto e eu dei um grito (ou grunhida, sei lá!) e ele fechou a porta correndo! Imagino que fosse para não assustar as crianças kkkkk 

Não sei quando o Francisco apareceu no quarto. Ficou brincando com a água, falou para o nenê nascer logo e até enfiou a cabeça na piscina. Ele não me incomodou e também não se incomodou com nada. Parecia que ele já tinha visto uns 200 partos. Eu gritava e ele nem tchum... O Rafa também chamou a Luiza em algum momento. Ela tirou algumas fotos e jogou o último balde de água na piscina. 

Em meio aos urros eu resolvi tentar fazer um toque, mas a única coisa que senti foi uma meleca que acho que era o tampão e uma coisa dura, que acho que era a cabeça do BB e que parecia estar no mesmo lugar que eu tinha sentido da outra vez. Porém quando eu tirei a mão veio uma contração e com a mão no períneo eu senti ele arredondar todinho! Era a cabeça! Era mesmo! Passou a contração e eu falei “vai nascer nas próximas contrações! A cabecinha está aqui!”. Era difícil de acreditar nisso! Eu não conseguia acreditar como tudo estava indo do jeito que eu queria! Eu ia acabar parindo sozinha mesmo! E sem forçar nada! Falei para a Luiza olhar a hora que o BB nascesse! Ela falou a hora que era: 9:00. Na hora eu fiquei brava, pois eu não tinha a menor noção do tempo. Ainda consegui falar “Não a hora agora! A hora que o BB nascer!!!”. Acho que tive mais 2 ou 3 contrações. Sempre com a mão no períneo sentindo ele arredondar e voltar! Em uma dessas arredondadas o Francisco fala “tá saindo a cabecinha!”. Senti a cabeça voltando e lembro de conseguir falar alguma coisa para ele. E então mais uma contração e o Francisco diz “olha o cabelinho”. Com a mão no períneo eu senti tudo abrindo. Me apoiei no Rafa e senti a cabeça saindo. Soltei do Rafa e, o que me pareceu ser na mesma contração saiu o corpinho que eu mesma peguei dentro da água e trouxe até meu corpo, abraçando. E olhei o que era. Ainda afastei o cordão para ter certeza do que via: “Meu Deus! É uma menininha!” E chorei sem lágrimas! E falei várias coisas como “Eu consegui, foi do jeito que eu queria, foi do jeito que sonhei, eu pari sozinha como eu queria, é uma menininha!”. E ficamos todos bobos, chorando, rindo, olhando admirados para aquela coisinha rosinha que só olhava a gente!


O Rafa pediu para a Luiza chamar o Henrique e o Pietro que vieram ver a menininha que tinha acabado de nascer enquanto eles assistiam Bob Esponja (!!!) no outro quarto! Lembrei de pedir para o Rafa avisa a Marilena! Afinal, agora nem precisava de pressa! Tudo estava perfeito e eu já havia parido como eu queria!

Decidimos o nome: Rebeca! Senti o cordão pulsando. Senti a vida que eu estava dando naquele momento. A placenta saiu e ficamos juntinhas até a Marilena chegar.
Rebeca nasceu 9:05. Nas fotos está como 9:03, mas o relógio da câmera está atrasado 2 minutos!
Marilena chegou por volta das 11 horas. E só então o cordão foi cortado. Quem cortou foi o Henrique! Rebeca foi pesada e medida. 

Foi um 2VBA3C, ou seja, um segundo parto normal depois e de 3 cesáreas. E foi mais: foi um parto natural, sem nenhuma intervenção externa. Somente meu corpo trabalhou para parir. E além disso foi um parto domiciliar. Foi em casa. Rebeca chegou no quarto que dorme, com os cheiros que vai sentir por toda sua vida, com as companhias que vai ter para sempre (com as bactérias da sua família hehehe). E ainda: foi um parto desassistido, o que quer dizer que não havia no momento nenhum profissional acompanhando. Então Rebeca foi recebida exclusivamente por sua família. Foi tocada pela primeira vez pelas mãos que tocarão nela inúmeras vezes na sua vida. As únicas vozes que ouviu quando nasceu são as vozes que ela ouvia dentro do útero e são as vozes que ela ouvirá por todo o sempre. Rebeca nasceu em um parto desassistido que não foi planejado, mas foi desejado com tanta força que todo o universo conspirou para que fosse assim! E foi! Foi perfeito!

Ah! E sabe que teria dado tempo do Rafa ter ido à igreja com os meninos? A reunião começa às 9:00. Ele poderia ter ido depois que ela nasceu hahaha

Se vc leu tudo isso, talvez esteja se perguntando se tudo foi exatamente como eu tinha imaginado que seria. Aquela coisa do pijama, lençol... Então... eu não pari nem entrei em TP de madrugada. Eu não estava usando meu pijama do Tico e Teco, mas sim um pijama lilás que eu nem gosto. E o lençol que estava na cama era um cinza e não o lilás! Só acertei que meu TP seria rápido e que não daria tempo de ninguém chegar hahaha Eu conto que meu TP foi de 2 horas e meia mais ou menos, pois a primeira contração que marquei foi às 6:25 e 2 horas e meia depois eu pari!

A minha maior curiosidade é com quanto de dilatação eu estava quando entrei em TP. 
Acho que quando a bolsa estourou eu já estava com dilatação total. Em meia hora nasceu!

E como todo relato acaba com agradecimentos: agradeço à Marilena por ter me aceitado, por não ter duvidado de minha capacidade de parir em casa, por nunca ter me assustado com relatos malucos ou perguntas estranhas. Por ter demonstrado tranquilidade em todas as vezes que o Rafa ligou informando do TP (já pensou se fosse uma médica doida e deixado o Rafael doido? kkkk). E por ter chegado aqui toda calma, tranquila e cheia de sorrisos, mesmo depois de ter acabado de sair de um parto (Clesia pariu Theo em Salvador e em seguida eu entrei em TP aqui. Sincronia pura os dois BBS!).

Agradeço ao meu parteirinho Francisco que além de ter anunciado o nascimento da irmã, foi com ele que aprendi a parir! Espero que de alguma forma, as imagens que ele presenciou no parto da Rebeca fiquem guardadas com ele para sempre!

Agradeço à Luiza que me abriu o caminho da maternidade. Posso não ser a mãe perfeita, mas sou o melhor que posso e isso eu devo a ela, minha pequena (grande) cobaia! Agradeço pelas fotos e por não ter se desesperado em nenhum momento!

Agradeço ao Pietro e ao Henrique, pois eles são a continuação do meu sonho. Agradeço pelo respeito ao momento, por terem ficados calmos mesmo sabendo que eu estava tendo um bebê!

E agradeço ao Rafa! Primeiro por ele não ter viajado! E depois por ele ter apoiado sempre minha decisão pelo parto, pelo PD, por ter acreditado que eu poderia parir sozinha, por ter corrido tanto de um lado para o outro durante o TP relâmpago, por ter me sustentado enquanto eu paria e por não ter se assustado com nada disso!!!

E agradeço à Deus por ter me permitido viver essa experiência maravilhosa. Por ter me enviado mais um filho para eu cuidar. Por ter me enviado essa menininha linda. E por confiar em mim, pois sei que Ele confia!
E por último, agradeço à Rebeca, minha menininha linda que foi forte e durona, e nasceu depois de um TP relâmpago sorrindo igual a uma boneca!


Os detalhes:
Rebeca nasceu em um domingo, dia 28 de outubro de 2012 às 9:05.
Pesou 3,360 kg
Mediu 49 cm
Não chorou quando nasceu, só resmungou.
Aprendeu a respirar enquanto ainda recebia oxigênio pelo cordão.
Permaneceu ligada à placenta por 2 horas e 10 minutos.
Ah! E ela é simplesmente linda!



Publicado originalmente AQUI

5 comentários:

  1. Que relato lindo!!! Toda vez que leio esses relatos, fico aqui sonhando com o meu...

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  2. Lindo! Sempre que leio relatos assim tenho vontade de novamente passar por esses momentos!
    Beijo
    Débora
    @personalbebe

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  3. Sem palavras. Parabéns por tudo e todos os seus. Parabéns pra Rebeca que já vai pro seu primeiro aniversário. Não sou pai, mas percebo estarmos sob proteção de um mesmo Pai que é esse Deus que a você concedeu maternidade tão sublime. Desejo felicidade a você e família.
    Cadinho RoCo

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  4. Que linda história. Gostaria muito que o meu parto seja domiciliar também. Se possível, me passa o número da Marilena. Sou do interior da Bahia (Itabuna), mas, se preciso, ficarei as ultimas semanas da gravidez na casa de parentes em Salvador para conseguir o tão sonhado parto domiciliar. Obrigada

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  5. Chorando mto...simplesmente lindo relato! Gostaria tbm do num d Marilena. Sou d Salvador. Bj

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