O Renascimento do Parto

sábado, 10 de agosto de 2013
Apesar de ter ido ao cinema logo na estréia do filme, posso dizer que "enfim" fui assistir O Renascimento do Parto, pois desde dezembro de 2011, como postei aqui, já sabia que o filme seria lançado um dia, e desde então, aguardo anciosamente pela estréia desse documentário.

Não sei nem por onde começar meus comentários sobre o filme, que já é chocante pra mim, imagino para quem vai assistir sem ter muitas informações sobre o sistema obstétrico brasileiro. E, como pude perceber pelas conversas na fila para entrada da sala do cinema, havia muitas gestantes que não entendiam muita coisa, graças a Deus, com certeza saíram de lá com muitas dúvidas resolvidas. Também fiquei muito feliz que a grande maioria das mulheres estavam acompanhadas por seus maridos, afinal, o parto é do casal e por isso os dois têm que estar muito bem informados.

Informação é a resposta para os problemas no sistema obstétrico do Brasil, tendo em vista que os problemas não ocorrem por apenas um motivo, mas por vários motivos que se entrelaçam:

  • A prática médica, ao contrário do que qualquer pessoa poderia imaginar, não é baseada em evidências científicas.
  • As faculdades não ensinam com eficácia o parto normal, por isso o médico não sabe e não tem segurança para "realizá-lo".
  • Os convênios pagam uma mixaria aos médicos pela realização do parto.
  • Ganhando pouco por parto, não compensa para o médico, desmarcar um dia de consulta, para acompanhar um trabalho de parto.
  • A cobrança que os médicos/hospitais sofrem quando há uma morte neonatal após um parto normal é muito maior do que quando foi uma cesárea. Quando é um parto normal, as pessoas acham que foi descaso do médico, e quando foi uma cesárea, fica a sensação que o médico fez tudo o que pode para salvar aquela vida, sendo que a maioria das vezes a morte foi causada justamente por causa da cesárea eletiva.
  • Os hospitais querem ter uma agenda dos partos realizados, para poder encaixar todas e não ter problema de lotação, e/ou pra ficar mais livre nos finais de semana.
  • Os hospitais querem lucrar, e o parto normal faz com que a sala de parto seja ocupada por mais tempo, tem menos gasto, e menor índice de uso da UTI Neonatal.
  • As leis não são cumpridas. Não há fiscalização e nem punição para infinitos casos de violência obstétrica, desde a proibição da permanência do acompanhante, como a cesárea mal indicada.

Mas, o pior disso é a ética médica. Podemos esperar e exigir daqueles que escolheram essa profissão, que sejam pelo menos éticos. Quem escolheu ser médico não pode colocar sua agenda como prioridade, e para isso colocar seu paciente em situações de risco. Fico na dúvida se muitos médicos não estão na profissão errada, não se formaram por pressão da família, não escolheram a profissão porque dá dinheiro, ou sei lá qual motivo... O fato é que é muito difícil entender que uma pessoa que ama o que faz, o faça tão malfeito.

Então você me pergunta: E aquelas mulheres que sempre preferiram a cesárea?
Bom, pra começar, essas mulheres são uma minoria. A grande maioria chega para a primeira consulta do pré-natal já pensando num parto normal. Mas, até o final é desencorajada pela familia, amigos e o próprio médico (louco para enquadrá-la em sua agenda de cesáreas), por ser muito pequena, porque o bebê é grande, porque o cordão está enrolado, porque a pressão está alta, porque tem diabetes, porque é velha, porque é muito nova, porque tem pouco líquido, porque a placenta está velha... 
E a minoria que prefere a cesárea, geralmente prefere porque já tem um pré-conceito que o parto normal é insuportável, que vai ficar mais "larga", que vai sofrer muito. 
A real é que nenhuma mulher, em sã consciência e bem informada, escolheria uma cesária.

Para ilustrar melhor como funciona essa manipulação vou citar um fato relatado no filme. Um médico pediu um ultrasom para a gentante que vai ao laboratório indicado para o exame. Ela vê sua filha se movimentando, super bem e tal, de repente o médico muda de posição e mostra uma imagem estática da "filha" dela com o cordão fazendo três circulares no pescoço. Ela achou muito estranho, e por isso realizou o exame em outro lugar de sua confiança, mas estava tudo bem com a sua filha, e sem nenhuma circular de cordão. Voltou ao médico, mostrou o exame e ele ainda questionou: Você não foi no lugar que te indiquei? E terminou dizendo que a filha dela estava muito pesada, que só faria o parto se fosse uma cesárea.

Sei que falo muito contra a cesárea, mas quando bem indicada salva muitas vidas todos os dias. Essas são as indicações reais e absolutas de cesárea:


1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa;

2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;

3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);

4) Apresentação córmica (situação transversa) - durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.


Há outras 6 indicações discutíveis, e para serem analisadas caso a caso, mas todas as outras indicações são fictícias, estórias da Carochinha, conversa pra boi dormir, e sinto em informar, mas você foi enganada! Você pode confirmar isso, AQUI no post original com essas indicações reais e fictícias no blog da Dra. Melânia Amorim.

Acredito que resolver o problema da cesárea eletiva no país seria um grande passo, mas ainda não seria o suficiente. A violência obstétrica infelizmente é assustadora no parto normal hospitalar. Não permitir o acompanhante, não permitir que coma o beba qualquer líquido, o uso da oxitocina sintética, a tricotomia, a episiotomia de rotina, a falta de liberdade para movimentar-se, inúmero exames de toque, a posição ginecológica para o parto, um prazo limite para que o bebê nasça...

E em ambos os nascimentos, a separação da mãe, o mal jeito para lidar com o bebê, o colírio de nitrato de prata, aspiração das vias aéreas e canal do reto.  Aquela pessoa chega ao mundo com sentimento de abandono, maus tratos, violência...

E se isso não é o que você quer nem para você nem para o seu filho, o segredo é simples, se informar, procurar um grupo de apoio ao parto, uma doula que te indique uma equipe humanizada, pois assim você poderá ter um parto respeitoso.

Por isso, se tiver oportunidade, não deixe de assistir O Renascimento do Parto!
Se o cinema não chegar na tua cidade, em breve será lançado o DVD! =)



Vale muito a pena!!! 


Meu parto me marcou demais, graças a Deus, de uma forma positiva, e por isso comecei a fotografar e tenho o sonho de se fotógrafa de partos lindos como o meu.
Já fotografei alguns partos, e como não tive coragem de distribuir meu cartão na fila do cinema, posto aqui algumas fotos. Se quiser registrar esse momento inesquecível da sua vida, não deixe de me contatar!





2 comentários:

  1. Line, eu sonhava em ter parto normal nas duas gravidez, me informei muito, ouvi muitas coisas mas nunca tive medo. Infelizmente não foi possível os dois nasceram por cesária mas senti todos os sintomas, inclusive do segundo foram 11horas em trabalho de parto e 3cm de dilatação. Mas recomendo o parto normal para todas que me perguntam.
    Abraços!!

    Carlah Ventura
    Blog: Intensa Vida

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    Respostas
    1. Carlah,
      Com certeza, só de esperar pelo início do trabalho de parto, já fez uma grande diferença no nascimento dos seus filhos. O meu trabalho de parto demorou da primeira contração até o nascimento 28 horas, tenho certeza que se estivesse num hospital dariam um jeito de me convencer a fazer a cesárea pois com 13 horas de trabalho de parto eu estava com 2cm de dilatação. É complicado... No hospital querem mais é apressar as coisas e terminar logo o "serviço". rsrs
      Um beijo!!!

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