O que é Parto Humanizado?

sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Nunca se ouviu falar tanto sobre parto humanizado como atualmente, mas, o que é? 

A palavra “humano” é um adjetivo, sinônimo de: sensível à piedade, compassivo, benevolente, bom, benigno, bondoso, caridoso, clemente, generoso e misericordioso. Por isso, entende-se por parto humanizado o parto em que a mãe e o filho são tratados dessa forma, quando a mulher tem seus desejos atendidos, sentindo-se confortável, confiante, segura e amparada.


Mas calma aí! Não é assim que todas as mães e seus filhos deveriam ser tratados? Pois é! E é exatamente nesse ponto que está o problema. 

Ao contrário do que se pode imaginar, as mulheres têm sido tratadas de forma desrespeitosa durante a gestação e durante o trabalho de parto, e as intervenções médicas não têm real indicação, ou são tomadas automaticamente, sem nenhuma análise personalizada de suas reais necessidades, tornando o nascimento um ato puramente técnico. 

Esse não é um assunto de interesse geral. Eu mesma não lia nada sobre isso antes de engravidar e fiquei assustada quando comecei a pesquisar sobre o assunto e descobri, por exemplo, que a maioria das intervenções médicas no parto eram desnecessárias e que cada uma delas tinha más consequências. 

Essas intervenções são, por exemplo, a lavagem intestinal, a episiotomia, ocitocina sintética, fórceps, posição ginecológica, falta de liberdade para movimentar-se, vários exames de toque durante o trabalho de parto, ser impedida de comer ou de ingerir líquidos, ter um tempo limite para o trabalho de parto, entre outras. 

Confesso que eu nunca gostei de hospital, entretanto, passaria por tudo isso e muito mais, se fosse para o bem do meu filho, mas não é o caso. E quando soube dos procedimentos adotados como praxe em relação ao recém-nascido fiquei ainda mais revoltada: pingar colírio de nitrato de prata, aspirar as vias aéreas, cortar o cordão umbilical antes de parar de pulsar, fazer exames, medir, pesar, antes da primeira mamada... Para quê? 

A gestante não pode simplesmente confiar no “doutor que estudou para isso e deve saber o que é melhor”, mas precisa ter muita informação para questionar, reivindicar os seus direitos e exigir respeito na hora do parto. 

E isso não é um exagero de uma minoria louca que faz “Marcha do Parto em Casa” nas ruas do País inteiro. Uma pesquisa apontou que 25% das mulheres relatam algum tipo de violência no parto, e eu acredito que esse número seja bem maior. Acredito que a falta de informação seja tamanha que muitas são violentadas e nem sabem. E por que digo isso? A Organização Mundial da Saúde aceita que até 15% dos nascimentos sejam por cesárea e, no Brasil, essa taxa chega a 80%. Isso me leva a crer que a diferença, ou seja, cerca de 65% das mulheres são enganadas com uma desculpa esfarrapada e conduzidas a uma cesárea desnecessária. Outras escolhem ter uma cesárea por conveniência ou medo da dor do parto, o que não isenta o médico da responsabilidade da informação. Para mim, isso também é uma violência. 

Informação é fundamental, mas infelizmente não está disponível a todos, ou as gestantes estão mais preocupadas, por exemplo, com o chá de fraldas, a decoração do quarto do bebê e a lembrancinha da maternidade. 

É claro que eu também me preocupei com esse tipo de coisa, mas também estava bem informada e saberia exigir e aceitar somente o que fosse bom para mim e para o meu filho. Mas quer saber?! Eu simplesmente me recuso a ter que exigir alguma coisa e, por isso, decidi ter um parto domiciliar. 

Não estou dizendo que um atendimento humanizado seja impossível no hospital e que um parto com intervenções realmente necessárias, mesmo se for uma cesárea, não possa ser humanizado, mas, embora pareça contraditório, o parto humanizado é um parto com o mínimo de intervenção humana possível. 

Uma Casa de Parto também seria uma ótima alternativa, mas o parto domiciliar foi a minha escolha, e eu me enquadrava nas condições: fiz um bom pré-natal, todos os exames, e não tive nenhum problema durante a gestação. 

Meu parto foi do jeito que eu quis, assistido por uma parteira, não sofri nenhuma intervenção que eu não quisesse, me movimentei, comi, bebi, a dor foi amenizada com massagens e banho quente do chuveiro e da banheira de parto. Meu filho nasceu na hora que ele quis, veio imediatamente para o meu colo, curtimos com calma aquele momento do primeiro contato, não foi aspirado, não foi pingado colírio, mamou, dormiu, e só depois foi examinado, medido, pesado, e passa muito bem, obrigada.


E, depois dessa experiência tão maravilhosa, acredita que ainda sou chamada de “corajosa”?! Na boa... Eu não sou corajosa, sou apenas bem informada, coragem tem quem vai para o hospital e não é atendido por uma equipe humanizada e, para isso, eu não tenho coragem de jeito nenhum.


Esse meu texto foi publicado originalmente no blog Vida de Mãe, da Nestlé, no dia 17/07/2012.

2 comentários:

  1. Texto perfeito Line! Verdade, corajosa é quem escolhe passar por uma cirurgia de grande porte sem se dar conta dos perigos!
    Beijo
    Débora Araújo
    @personalbebe

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  2. Line gostaria de saber mais sobre parto domiciliar,onde encontro material para ficar mais informada? bju Thi Vieira

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